sábado, 1 de janeiro de 2011

O fratricida 2010

Acabo de fazer a minha última refeição do ano que se finda, 2010, e optei por dedicar umas breves palavras a este, que merece ser falado e analisado com frieza e rigor.
O social dentro de nós
Lembro-me agora de um pequeno artigo publicado no fim do ano de 2009, no qual se fazia uma pequena reflexão para a próxima década. Dedicava-se uma grande importância às redes sociais, que se previra, chegaram para ficar e para triunfar, revolucionando mentalidades e deixando a imaginação de um futuro bastante próximo dos limites do impossível.
Fiz este pequeno retrocesso ao passado, buscando esta projecção do futuro que me parece bastante real do que se supõe vir a ser o baluarte das relações sociais das pessoas, que cada vez mais se tornam virtuais.
Toda esta memória que reponho para dar entrada ao fenómeno global que tem sido a criação da rede social, que tem por fundador Mark Zuckerberg, Facebook. Cito-o como fenómeno devido à grande ascensão a nível global, uma repercussão que é notável, bem perceptível pelos grandes resultados alcançados este ano, chegando aos 500 milhões de utilizadores e perspectivando-se receitas na ordem dos dois mil milhões de dólares! Estamos perante uma revolução no modo de vida de milhões de pessoas, que simplesmente se tornou num costume diário a ida ao seu perfil. Já ninguém fica indiferente a esta rede social que se destaca pela irreverência com que é possível “espiar” o que os outros fazem, contribuindo ainda mais para a crescente virtualização das relações sociais das pessoas.
Com isto, é evidente a real valia desta empresa que se prepara, o que tudo indica, para entrar no mercado já no próximo ano, revelando que o futuro passa pela dinamização e proliferação das redes sociais, prevendo-se uma maior adesão para os próximos anos, dadas as vantagens inerentes ao nível económico, tendo como horizonte uma grande revolução da própria concepção e papel do Marketing actual.
Balanço de 2010…
Agora gostaria de dedicar umas breves palavras ao nosso mal amado país. Digo “mal amado” porque todos os dias parece que falamos de nós, o nosso povo, como se tivéssemos vergonha de fazer parte dele, o que me parece extremamente penoso, demonstrando o estado de espírito em que se encontram as almas deste magnífico país que todos devemos admirar pelo que fomos, somos e seremos!
Apesar de estarmos numa situação periclitante, onde se destaca a situação económica, social e até cultural do país, não nos devemos enfraquecer com isso, pois não será tal resignação que nos ajudará a ultrapassar os desafios que se nos opõem. Como tal, apelo à coragem, ao esforço, ao trabalho, ao espírito de iniciativa que nos una e nos mova em direcção ao rumo que todos queremos seguir, o da prosperidade.
O ano que passou foi duro, muito foi escrito sobre Portugal, positivo e maioritariamente negativo. O sucesso não nos sorriu, fomos severamente “castigados” pelos anos áureos, mas também irresponsáveis que vivemos, onde não há um único culpado, como todos querem fazer querer. O culpado somos todos nós, que incutimos na nossa maneira de estar a ideia de que todos estão errados, apenas nós somos perfeitos, não reconhecendo os nossos próprios erros, sendo culpa de todos os outros. Efectivamente estou a dar uma visão extremista do povo português, mas que se adequa à realidade, na maior parte dos casos.
O ano 2010 confirma-se como o da desgraça para muitos de nós, hipotecando muitas das nossas possibilidades, retirando-nos da situação de conforto em que nos encontrávamos e na qual nos acomodámos, tendo como pano de fundo um salvador da pátria, o Estado Social, que muitos dizem em declínio, sendo natural dados os excessos e extravagâncias cometidos.
É preciso não esquecer os erros cometidos, tanto por nós como pelo Estado, mais concretamente o governo que nos representa, chefiado pelo engenheiro José Sócrates. A verdade é que entrámos numa profunda desorientação política, onde toda a gente se quer desculpabilizar dos problemas existentes e se luta por se sair desta situação da melhor forma possível. Desta forma, houve vários apelos de figuras públicas, onde se destacam o PR, Dr. Cavaco Silva, o ex-PR, Dr. Jorge Sampaio, entre muitos outros, direccionadas aos nossos representantes na AR, para que deixem de “brincar aos políticos” e se foquem nos problemas reais do país.
Fazendo um balanço final do ano, considero que 2010 foi um ano fratricida, uma vez que o mesmo terá contribuído para o “assassínio do seu irmão 2011” ou pelo menos uma tentativa. Quero com isto dizer que o ano que passa não deixa saudade (nem o futebol escapou), dado que poderá ter sentenciado as nossas reais possibilidades de escaparmos à ajuda internacional (aquilo de que queríamos fugir e cada vez mais parece inevitável, o que poderá acontecer em condições ainda piores do que se sucedesse no ano que acaba), a não ser que, mais uma vez, sejamos capazes de nos afirmar, mudando a imagem que nos persegue, mostrando o que nós somos, verdadeiros portugueses que veneram o seu país!