sábado, 2 de abril de 2011

O Estado calamitoso a que chegámos…

Depois das recentes incidências das últimas semanas às quais os portugueses assistem com um ar preocupante, penso que é hora de começar a reflectir sobre todos os acontecimentos que têm marcado a pobre agenda política portuguesa.
Pensar numa palavra para definir a situação não é tarefa difícil. A minha eleição vai para “DÍVIDA”. É bem perceptível entender o porquê da minha escolha recair sobre uma palavra a quem (quase) toda a gente tem pavor. Vejamos, Portugal está neste momento nas “bocas do mundo”, pelo facto de continuar a insistir em não recorrer a ajuda externa para debelar a grande ferida que foi criada ao longo das últimas décadas, sem pensar no dia em que alguém teria de a fazer sarar. Todos os dias continuamos a gastar o dinheiro que não temos, sem pensar nas consequências futuras que daí advêm. Quando falo de todos, falo do Estado, das Empresas Públicas e de todo o Sector Privado, nomeadamente Instituições Financeiras. Devemos cada vez mais e mais, embora pareça que tal não preocupe ninguém, até ao momento em que nos começam a chatear e a praguejar com o fecho a torneira do crédito. Há muito que o nosso crédito está em vertente descendente, não pelo facto de nós termos reduzido a nossa procura, mas sim porque cada vez menos instituições nos aceitam como devedores.
Esta é a verdadeira e dura realidade e a recente crise política apenas vem antecipar o que já de si é inevitável, necessitamos de recorrer a ajuda externa o quanto antes, pois quanto mais deixamos continuar com esta situação, pior será para todos nós, uma vez que os sacrifícios em que eventualmente iremos incorrer num futuro próximo, poupar-nos-ão a muitos outros num mais longíquo (o que defendo há meses).
Vejo nos políticos portugueses a grande preocupação em fugir a essa ajuda externa, o que se percebe perfeitamente devido aos problemas de que daí advirão. Contudo, a falta de coragem que os mesmos têm em cortar no que efectivamente é necessário (despesa), torna imprescindível a obtenção de apoio exterior, pelo menos com o intuito de proceder às reformas estruturais necessárias, prejudiciais a curto, mas benéficas a longo prazo. Vejo nesse o grande objectivo que todos deveremos ter como horizonte.
É importante que os sacrifícios pedidos aos cidadãos sejam efectivamente necessários, uma vez que o que resultou do ano anterior foi apenas uma grande lição do que não se deve fazer para lutar contra o tal monstro de que um senhor há alguns anos falou como o maior inimigo das nossas contas públicas e do qual falo hoje.
Para concretizar, é crucial que as normas tomadas nos próximos meses tenham como base uma crescente preocupação assim como sensibilização da população portuguesa para o problema que estamos a enfrentar, o que apenas será concretizado com um Estado realista, que consiga empenhar todos os portugueses no combate às suas próprias fraquezas, mudando as mentalidades mundanas a que todos os dias assistimos incrédulos, fazendo deste o país que temos, pobre de espírito e de carácter, sendo esta a maior pobreza que um país pode enfrentar.