sábado, 4 de dezembro de 2010

Inflamação Social do Negativismo

Depois de um mês de pausa, devido a compromissos académicos, volto a escrever sobre o que se passa no nosso pequeno e adorável país e "lá fora"(na civilização?). Em trinta dias, muitos acontecimentos tiveram lugar, tanto positivos, como negativos, indo da nomeação de Horta Osório como novo CEO do Lloyds Bank de Inglaterra ao inevitável resgate da Irlanda, passando pela aprovação do OE2011, a cimeira da NATO, entre muitas outras peripécias.
É evidente o grande número de assuntos sobre os quais poderia opinar, mas vou-me cingir a algo que não se passou neste último mês, mas que se verifica há demasiados anos e, fatalmente, nos faz ainda “encolher” mais à medida que o tempo passa. Falo da pobre mentalidade do português, que eu aponto como o grande “podre” da maioria da nossa sociedade portuguesa. A verdade é que, como bons portugueses que somos, julgamos que temos o direito de opinar sobre todo e qualquer assunto, mesmo não tendo conhecimento de causa. Apontamos sempre o caminho errado, mas nunca o certo. Culpamos sempre o vizinho, pois nós nunca erramos. Toda a “desgraça” que se augura tem apenas um culpado como base, o nosso mau Estado, que apenas sabe gastar, mal, sem qualquer restrição. Assim, em analogia a um provérbio que nós bem conhecemos, diria que todos os caminhos da amargura vão dar ao Estado, sujeito de todos os males, públicos e privados, deste e do outro Mundo!
Efectivamente, quero aqui dar uma outra visão das coisas para os mais adormecidos, que apenas querem ver aquilo que lhes agrada e fechar os olhos quando a conversa não é boa para os seus botões.
Tudo aquilo que acabei de descrever é constatado com a simples leitura da capa de um jornal económico, deparando-nos sempre com a mesma música, tocada por outro instrumento. A grande verdade é que estamos perante uma bola de neve, para a qual quase todos nós temos contribuído activamente ao longo de décadas. Chamaria este fenómeno de “Inflamação Social do Negativismo”. Com esta pesada expressão, quero dizer que todos nós, no dia-a-dia nos desvalorizamos, por esta ou aquela razão, incutindo um sentimento de negativismo no nosso subconsciente que nos influencia de forma adversa nas nossas tomadas de decisão.
Gostaria ainda de realçar um aspecto que dia após dia tenho observado e critico fortemente, que se refere aos artigos de opinião dos vários jornais económicos, que tenho oportunidade de acompanhar diariamente. Aponto para o facto dos comentadores apenas terem como propósito falar mal sobre este ou aquele e, em muitos casos, sem se aperceberem efectivamente daquilo que estão a escrever. Denota-se cada vez mais a preocupação dos mesmos em criticar toda e qualquer medida, declaração ou gesto dos nossos políticos, que por sua vez conotam a seu belo prazer. Simplesmente, todos tentam “minar” e influenciar a opinião pública sobre assuntos chave da nossa economia, sem pensar nas implicações que daí advêm. A maior implicação é a crescente descredibilização que o sistema político português tem sofrido nos últimos anos, afastando as pessoas dos centros de decisão, levando à tendência de crescente emigração que verificamos.
Mais uma vez, estou eu a contribuir para o tal fenómeno da “Inflamação Social do Negativismo” e podem-me criticar por isso. Contudo, apenas referi aspectos que, efectivamente, têm a sua veracidade. Apenas faz parte de cada um escolher se quer assumir os seus erros e lutar para que se inverta esta situação ou se quer continuar a achar que todos os outros é que têm a culpa da sua desgraça e resignar-se ao infortúnio onde vive.

Sem comentários:

Enviar um comentário