terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A tagarelice do costume

            Na sequência das declarações do Presidente da Comissão Europeia, Dr. Durão Barroso, e do nosso ilustre Presidente da República, Dr. Cavaco Silva, que apelaram à contenção nas intervenções de todos os economistas e demais personalidades do nosso pequeno país, de forma a atenuar a proliferação de interpretações dadas pela imprensa que, ao longo dos últimos meses, descoloriram ainda mais a nossa imagem perante os demais, venho acentuar ainda mais essa ideia, que do meu ponto de vista, faz todo o sentido.
            Na verdade, estamos perante um pequeno momento de lucidez que há bem mais tempo deveria ter sido decretado pelos principais responsáveis do nosso país. Todas e quaisquer declarações proferidas nos últimos meses apenas nos têm prejudicado, como é bem visível pelo comportamento das yields que não têm parado de subir, encontrando-se em níveis bastante preocupantes.
            Aquilo a que se tem assistido não é mais do que a simples cavaqueira do costume, comentando precariamente a situação do país, acentuando cada vez mais a ideia da nossa dependência perante terceiros que se torna inevitável aos olhos de (quase) todos. Estima-se que, no próximo trimestre que se avizinha, o primeiro de 2011, Portugal seja obrigado a “aclamar por socorro”, pedindo ajuda a Berlim (quem manda é mesmo a senhora Merkel, por muito que se diga o contrário) e ao FMI, de forma a ser o terceiro resgatado das mãos dos investidores que, a todo o custo, se aproximam cada vez mais do “coração” até agora débil do Euro, com o intuito de o atacar ferozmente, sem qualquer sensibilidade.
            Com isto, é bem compreensível e perceptível a mensagem que é deixada pelos intervenientes, que mais não querem senão parar a constante especulação criada em torno da vinda de ajuda externa, que todos já consideram como inevitável, sem qualquer efectivação até ao momento.
Do meu ponto de vista, não me parece crível que o recado tenha sido assimilado, pois, à boa maneira portuguesa, muito gostam todos de palpitar e todos têm o gosto de ser economistas nas horas vagas, dando as suas opiniões, mesmo que o conhecimento de causa seja diminuto ou mesmo nulo.
Estamos no mundo da tagarelice e do mesmo não sairemos, até que seja percebido o lugar de cada um e seja dedicado, por todos, o esforço necessário para sair do buraco para onde a passos largos caminhamos, por nossa culpa e à conta das pequenas e saudosas palmadinhas nas costas, que têm como desígnio verem-nos entre a espada e a parede, sendo a primeira os credores e a segunda, o FMI a bater à porta simbolizando mais uma vergonha nacional que nos proclama como incompetentes e tristes saudosistas à espera do tal Sebastião que por Ceuta há muito ficou e que com ele, todos parecem ter abandonado a força e bravura que nos caracterizava para enfrentarmos os obstáculos, o que nos dava a conhecer como o glorioso povo de Portugal.

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