sábado, 30 de outubro de 2010

O crónico problema da Balança Comercial

Neste meu artigo vou falar de um tema que afecta Portugal há muitos anos e com o qual ninguém parece querer preocupar-se, mas tem, em muito, contribuído para a actual situação de crise em que nos encontramos. Falo do crónico défice da nossa Balança Comercial, para quem não sabe, a diferença entre o valor das Exportações e das Importações, que tem sido constantemente negativo.  
Passo a explicar melhor, com um valor de Importações maior do que o das Exportações, quer dizer que não produzimos o suficiente para o consumo interno, deste modo, temos de importar para podermos satisfazer esse mesmo consumo que excede a nossa produção. Assim, para conseguirmos compensar esta diferença, deveríamos compensar nas outras rubricas da Balança Corrente, nomeadamente nos Serviços e nas Transferências Correntes, o que claramente não acontece.
Desta forma, a solução encontrada passa pelo financiamento, recorrendo ao exterior, ou seja, todos os empréstimos contraídos junto da banca resultam, directamente, no recurso ao exterior para financiar todos os nossos excessos dos últimos 15 anos (carros, casa, férias entre outras excentricidades dos Portugueses), uma vez que a nossa poupança bruta é bastante reduzida, o que se traduz numa poupança líquida negativa, por outras palavras, gastamos mais do que efectivamente produzimos, isto é, os nossos rendimentos (isto falando ao nível do sector privado, o que está em consonância com o sector público).
Indo ao problema de fundo do recorrente défice da Balança Comercial, falamos na questão da competitividade, ou seja, as nossas empresas não conseguem competir com as empresas exteriores, devido a vários factores, nomeadamente ao sistema fiscal e jurídico, ao excesso de burocracia, como também à relativa pouca produtividade dos recursos humanos (em comparação com outros) que o nosso País apresenta. Como vemos, trata-se de muitos problemas que até ao momento não tiveram qualquer resposta credível de ser levada a sério por parte das entidades públicas que têm conduzido o nosso País.
Com isto, mais uma vez percebemos que nos encontramos numa situação insustentável, devido ao crescente endividamento do País como um todo. Estatisticamente, trata-se de uma dívida externa (somatório dos empréstimos contraídos no exterior pelo Estado, por outras entidades públicas e privadas e pelos financiamentos do sector da banca) na ordem dos 225% do PIB, ou seja, cerca de 370,36 mil milhões de euros, no final do 4º trimestre de 2009.
Para o futuro releva-se importante ter em atenção estes aspectos, através do lançamento de políticas de cativação da poupança privada, crescente desburocratização do sistema jurídico e alívio da carga fiscal sobre as empresas dos sectores chave da economia. São aspectos importantíssimos para criar condições adequadas para seguir o rumo do crescimento económico convergente com a União Europeia.
Deixo para último um aspecto que considero fundamental e no qual o Governo actual tem apostado, a formação das pessoas com níveis de escolaridade mais baixos, ainda que tenha agido de forma incorrecta com o que acho o grande ponto negro (As Novas Oportunidades). A ideia é importante, é crucial alertar para a necessidade do aumento de qualificações da população, contudo a mesma deve ser eficaz, ou seja, deve-se reflectir num aumento REAL das qualificações e não apenas oferecer um diploma de 9º ou 12º ano, que é o que tem acontecido em bastantes casos conhecidos.
O aumento dos índices de educação é necessário, uma vez que tal se reflecte num acréscimo da produtividade e Portugal deve apostar nesse factor, uma vez que a vantagem comparativa dos salários baixos há muito se perdeu. É bastante importante que se mude os objectivos, procurando algo no qual possamos fazer a diferença e acabar com os problemas estruturais, nomeadamente o da Balança Comercial, visto como crónico.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A incompetência do costume...

Na passada quarta feira, após cinco dias de negociações entre os dois maiores partidos com assento parlamentar, as mesmas foram suspensas, causando um certo mau estar entre todos nós que mais uma vez vemos que os nossos supostos representantes não têm capacidade para desempenhar os cargos que exercem, algo que se constata há já bastante tempo. Após as jornadas de negociações, onde não intervieram nem Sócrates nem Passos Coelho, as acusações choveram, tornando ainda mais dramática a situação em que vivemos.
Em suma, indo contra ao que escrevi no meu último texto, afinal as partes citadas nem um acordo conseguem estabelecer, preferindo fazer jogadas políticas que mais não servem do que para desestabilizar os mercados e descredibilizar a nossa tentativa de conseguirmos ultrapassar a crise que vivemos.
Com isto, os nossos “políticos de plástico”, dada toda a indefinição, precisaram de mais um puxão de orelhas proveniente do Conselho Europeu e do Presidente da República, Cavaco Silva (ainda que Sócrates não o admita), para de uma vez por todas perceberem que não estavam a jogar aos dados, pois o tempo não abona em seu favor. Mais uma vez se percebeu a crescente dependência face aos nossos parceiros europeus e se as coisas continuarem na mesma, o mais certo é ficarmos a depender do que os outros pretendem que nós façamos.
Por aqui se percepciona a incompetência dos nossos políticos que apenas pensam no seu umbigo, com o âmbito que amealhar o maior número de apoiantes possível. Ainda não se consciencializaram do grande deficit que existe no que toca ao interesse pela política. Quem fica a perder somos todos nós, que mais uma vez iremos sofrer com as medidas duras que há muito haveriam ter sido tomadas ou até nem fossem necessárias, se a devida provisão dos tempos difíceis que se adivinham tivesse sido feita.
Com isto, vejo o acordo ser selado a esta hora, depois de uma semana de negociações, de toda a polémica e ansiedade desnecessárias, que não foram bem geridas. Infelizmente, a ponderação e coerência não são qualidades que os nossos políticos têm, para mal de todos nós, que continuamos a sonhar com os gloriosos momentos de outrora, mas apenas nos é oferecida a incompetência dominante do costume.

domingo, 24 de outubro de 2010

O inevitável aconteceu: PS e PSD em negociações

            Neste domingo de chuva, aproveito para escrever mais umas palavras acerca do tema da actualidade, OE2011, o famoso orçamento que pode mudar a vida de todos os portugueses. Por isso nos sentimos todos preocupados com as notícias que nos chegam da AR. A verdade é que muitos desejam o chumbo do documento, enquanto outros desejam o contrário, todos terão os seus motivos, uns mais fundamentados e convincentes que outros.
            Entretanto, na praça pública vão se fazendo os joguinhos políticos dos partidos políticos, atacando aqui e ali, para ver quem ganha no final, ou seja, quem consegue cativar mais “esmolas” (entenda-se votos), para o seu mealheiro. No final, chegaremos sempre ao mesmo estado que há meses atrás ninguém equacionaria, o PS e PSD estão em negociações para a viabilização do orçamento. Quem adivinharia que tal iria acontecer? Apenas os mais distraídos não o previam, pois quando o tempo se aproxima e se vê ameaçada a independência do país, o intitulado “sentido de responsabilidade” vem ao de cima.
            Como resultado final, já todos pensamos saber qual é, o orçamento será aprovado na AR, com a abstenção do PSD (se não fosse o maior partido da oposição, acredito que o CDS faria o mesmo papel).
            Assim será, teremos orçamento, o que se traduzirá numa descida das yields nos mercados de dívida pública. Eventualmente permitirá aos bancos voltarem a financiar-se nos mercados, o que será importante, uma vez que o BCE, mais tarde ou mais cedo, fechará a torneira (basta ver as pressões que já se fazem sentir da parte dos nossos amigos alemães).
            Parece que tudo isto será positivo, mas mais uma vez, a minha perspectiva é minada pela desconfiança que tenho perante o nosso Governo. Efectivamente, assim é, como já constatámos outrora, o nosso primeiro-ministro muito prometeu, mas acaba sempre por se desdizer (o que nos garante que não acontecerá de novo?), com políticas e decisões que apenas nos têm levado à situação insustentável na qual nos encontramos. Efectivamente, a proposta do Orçamento de Estado apresentada é conducente com o que as entidades internacionais pretendem, mas também é verdade que não fazemos mais do que nos pedem e ai se encontra o ponto-chave para que este orçamento seja inconsequente, uma vez que o mesmo apenas se apresenta como solução a curto prazo e não resolva nada a nível estrutural, como já expliquei em artigos anteriores.
            Com isto, não me admira que volvido um ano, estejamos a discutir ainda o mesmo problema ou ainda pior, apenas restando saber se os nossos parceiros estarão cá para nos “dar abrigo” como aos Gregos.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Ano 2010: O que não fazer para reduzir o défice!

Estando quase o ano de 2010 na sua recta final, começa a chegar a altura de tirar ilações acerca do que se passou para que as últimas estatísticas divulgadas pelos órgãos correspondentes a nível nacional (INE) e comunitário (Eurostat) sejam tão negativas, no que ao grande objectivo do Estado português diz respeito, ou seja, redução do défice orçamental.
Olhando para as mesmas, percebemos que os sacrifícios pedidos aos Portugueses foram uma mera manobra de diversão de um cada vez mais incumpridor Governo. Vejamos, foi-nos pedido que fizéssemos sacrifícios aquando o aumento de impostos, em Maio. Contudo, recentemente noticia-se que esse mesmo aumento apenas serviu para encobrir mais despesa, que continua em crescimento face ao período homólogo (lembremo-nos que a despesa em 2009 foi deveras elevada devido ao combate à crise, ou seja, mais preocupante é perceber que ainda assim este ano estamos a gastar ainda mais), quando, supostamente, estamos em contenção.
Assim, pergunto, o que é preciso fazer para reduzir na realidade o défice (sim, a manobra que foi feita com o fundo de pensões só engana os mais distraídos e os mercados percebem isso)?
Em primeiro lugar, acho que deveríamos reflectir sobre o que de mal aconteceu no presente ano para que a calamidade que se tem verificado não se repita.
Em segundo, seria realmente importante o Governo começar a abrir os ouvidos e a aceitar as propostas interessantes que têm surgido tanto do lado da oposição como de posições externas que por diversas vezes já apontaram o caminho para Portugal sair do “buraco” em que se enfiou. Estas últimas vão dar todas a um ponto concreto, que se denomina competitividade e estímulo da economia, algo que temos perdido sucessivamente ao longo dos últimos anos por diversas razões, nomeadamente a burocracia, o sistema fiscal português, a justiça e a própria educação, que mais uma vez tem grande destaque, na medida em que, a longo prazo, se reflecte que os países com melhores níveis de escolarização são também os mais competitivos (dada a sua mão de obra especializada), o que não acontece em Portugal.
Mas o que se verifica é apenas a preocupação em se garantir os objectivos do défice acordados com Bruxelas, mas nem isso se tem conseguido fazer, o que mais torna visível a incompetência das personalidades que nos representam e mal gastam o nosso dinheiro. Com isto, apenas uma coisa podemos realmente perceber com esta nossa experiência actual, o que não fazer para reduzir o défice, algo em que o Governo tem insistido e se tem saído muito bem, para nosso mal.

domingo, 17 de outubro de 2010

Passar ou Chumbar? Eis a questão!

Na sequência da apresentação do relatório do OE 2011, ficámos a conhecer as directrizes do governo para o próximo ano com a finalidade de reduzir drasticamente a despesa.
Com efeito, trata-se de um orçamento de coragem, uma vez que trará consequências positivas no curto prazo, embora, estruturalmente, não me pareça que resolva o que quer que seja, para maior infelicidade de todos nós, que continuamos a fazer os muitos sacrifícios pedidos inúmeras vezes.
Tendo em conta os números apresentados, conseguimos verificar vários aspectos interessantes, entre eles a redução da despesa total em 3,5% (passando de 48,9% para 45,4% do PIB). Penso que todos deveríamos estar contentes pelo facto de vermos que finalmente a tão aclamada redução da despesa do Estado se efectivará. Mas, nem tudo são mares de rosas e o que vemos é positivo, mas irá afectar gravemente a nossa economia, pois a recessão é um dado adquirido, por muito que o nosso primeiro-ministro diga que não. O certo é que a diminuição no consumo público (uma das componentes do PIB pela óptica da despesa) será de 8,8%, o que se caracteriza como algo inédito no país. Contudo, sou da opinião de que algo tem de ser feito, por muito que seja negativo, terá consequências importantes no futuro, se houver estímulos ao sector privado, mais que compensando esta grande quebra do público.
Assim, pergunto, haverá alguém capaz de superar as dificuldades e conseguir aproveitar o momento de actual de crise económica, financeira, de dívida pública (e política?) para fazer mudanças estruturais no país, apostando essencialmente na inovação e remodelação do seu “modelo económico”?
É certo e verdade que, até ao momento, não é o que se tem visto, apesar de todos os avisos, tantos externos como internos. Contudo, acredito que seja possível alterar o padrão actual. Para que tal aconteça, é necessário reformular as políticas existentes, seguir um rumo, algo que este Governo há muito não tem.

Apesar das críticas incitadas no último artigo que escrevi, reconheço que me precipitei, ao criticar as medidas tomadas, uma vez que não contemplavam a redução da despesa, o que, não é verdade, como podemos observar posteriormente à publicação do relatório do OE 2011, o que se deveu à tardia publicação do mesmo (sem querer entrar em apreciações ao sucedido). Contudo, continuo a defender o chumbo do dito documento e passo a explicar o porquê da minha opinião. Fundamento-me naquilo que acho fulcral, neste momento, ou seja, estabilidade política. Todos acreditam que o chumbo do orçamento trará um período de enorme instabilidade política. Mas, na minha modesta opinião, esse seria o mal menor para nós, uma vez que se tal se observasse e, caso não houvesse a intervenção imediata do FMI (o que já justifiquei ser de acordo, para a salvação da nossa economia, embora com dificuldades imediatas), dever-se-ia formar um governo provisório, seleccionado pelo Presidente da República, de forma a tomar as políticas necessárias à “reforma” estrutural que é necessária no país, uma vez que não me parece que o OE 2011 seja a resposta para os problemas que virão futuramente.
Acredito que a maior parte das pessoas não sejam da mesma opinião que eu e respeito isso, contudo é a minha sincera opinião e eu, mais que tudo, quero ver o nosso País as bocas do mundo, não pelas más, mas pelas boas razões!

PS. Faço um reparo ainda no que toca ao orçamento, é lamentável verificar as despesas incorridas para nos financiarmos no próximo ano, 3,6% do PIB, contra 2,9% este ano.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Reflexão sobre o famoso OE 2011

Hoje, foram apresentadas as linhas gerais do OE 2011. Confirmámos aquilo que já sabiamos há muito tempo, um novo aumento de impostos é o que nos esperará o próximo ano. Contudo, da minha parte, não esperava que as coisas caminhassem ainda na mesma direcção, ou seja, o défice, mais uma vez irá diminuir essencialmente através da receita e não da despesa. Vejamos, a grande medida tomada pelo Governo no domínio da despesa, foi o corte nos salários do funcionários públicos, uma vez que a imaginação não deu para mais, recorreu-se à medida mais fácil, apesar de ser um medida importante, pecando por ser tardia. Tendo em atenção à receita, observamos o inevitável aumento de impostos, começando pelo IVA, subindo a sua taxa máxima de 21% para 23% mas, não é só, haverá um reescalonamento dos produtos, nomeadamente refrigerantes, sumos, leites dos mais variados tipos, bebidas e sobremesas lácteas, sobremesas de soja, prática de actividades físicas e desportivas, entre outros, verão a sua taxa IVA agravada de 6% para 23%. Ainda outros produtos no domínio das conservas de carne e miudezas comestíveis terão a sua taxa a subir também para 23%, quando anteriormente era de 13%. Com isto, não se consta apenas um aumento na taxa máxima do IVA.
Contudo, não ficamos por aqui em matéria do aumento de receitas, pois a juntar ao anunciado, está a redução dos benefício dos benefícios fiscais.

Com isto, mais uma vez se vê a inutilidade deste Governo para a resolução dos problemas, dado que só os agrava, a longo prazo. É impossível o país sobreviver a esta forma de governação, pois um novo aumento de impostos terá consequências nefastas, no sentido em que é certa uma perda de competitividade.
Este OE 2011 traduzir-se-á num massacre para o país, uma vez que o aumento dos preços, aliado à baixa dos salários fará com que o consumo diminua, sendo esta rúbrica a que mais peso tem no PIB, associado a esta consequência estará um aumento das insolvências das empresas portuguesas e a deslocalização das estrangeiras, ou seja, mais aumento do desemprego (mais gastos para o Estado). Com isto, a única forma de suportar tal (in)sustentabilidade é um novo aumento de impostos, o que não me parece de todo possível, a não ser que todos nós queiramos ser novamente massacrados, estilo masoquista.

Desta forma, o que me parece mais justo e viável, e contradizendo o que escrevi num artigo anterior, será o CHUMBO do OE 2011, tendo como consequência mais provável a demissão deste "pobre" governo. A minha grande dúvida será perceber se haverá alguém com capacidade suficiente para tomar medidas que consigam, de uma vez por todas, debelar os nossos problemas orçamentais, algo que eu duvido que aconteça, sem a acção do FMI em terreno português.
Assim, fico a aguardar novos capítulos desta história que, mais uma vez nos deixa bastante envergonhados, pois o mais provável será nós não conseguirmos cuidar da nossa casa, precisando que alguém venha pôr as coisas em ordem. Seja do FMI ou da Alemanha, alguém mais tarde ou mais cedo nos irá encurralar e forçar a pagar a factura.

PS. Questiono-me a mim mesmo e a todos os que lerem o que escrevi, como é que alguém ainda pensa, na conjuntura actual, que será possível verificar-se crescimento em 2011? Só mesmo os nossos políticos para nos iludir e pensar que vivemos num mundo perfeito.

domingo, 10 de outubro de 2010

O dilema de Passos Coelho

Esta semana foi marcada pelo impasse nas negociações entre PS (mais precisamente o nosso primeiro-ministro José Sócrates e ministro das Finanças, Teixeira dos Santos) e PSD ( mais precisamente o seu presidente, Passos Coelho e quase toda a gente que gosta de opinar no seio de partido) para a votação do OE 2011. As mesmas não têm corrido de feição, olhando para os mercados, falando mais em concreto, nos de dívida pública, pois começam a crescer os receios de o orçamento não ser aprovado, o que poderá ser uma catástrofe para Portugal, uma vez que o consenso daria a "liberdade",  embora já não seja muita, para que fossem tomadas as medidas necessárias (mesmo não sendo as adequadas), para a redução do défice público.

Com isto, a posição do Dr. Pedro Passos Coelho será fundamental pois, o seu parecer será o mesmo de todos os que o acompanham (segundo consta na imprensa, foi imposta a disciplina de voto aos deputados do PSD, ou seja, mesmo os que estejam contra a decisão do partido, serão obrigados a votar de acordo com a decisão tomada pelo mesmo), o que torna bastante complicada a sua decisão. Passando a explicar, neste momento o presidente do PSD tem um grave dilema para resolver, uma vez que prometeu aos portugueses que não seria novamente "cúmplice" de um aumento de impostos, fazendo com que a decisão recaía em chumbar o OE 2011. Contudo, se tal acontecer, significará, para Portugal, a passagem por um período bastante turbulento levando à intervenção do FMI. Quer se queira, quer não, isso significará bastantes dificuldades para os portugueses nos próximos tempos, embora, a médio e longo prazo possa vir a ser uma intervenção meritória e bastante importante para a credibilidade de Portugal.
Contudo, tal intervenção não é certa, tendo já sido dito por um responsável do FMI, que a probabilidade de acontecer é bastante reduzida.
Outra solução passará por uma governação em regime de duodécimos, podendo não ser a melhor solução, mas com a situação em que nos encontramos, será mais favorável do que uma demissão do Governo actual, como já foi admitida pelo nosso primeiro-ministro, que acarretaria consequências graves em termos de credibilidade, que já não é muita, perante os nossos compradores de dívida e não só.

Desta forma, com todas estas possíveis consequências bastante alarmantes, Passos Coelho encontra-se num beco sem saída, no qual vai tentado argumentar que o Estado deve reduzir a despesa, não querendo estar novamente ligado a um aumento de impostos. A verdade é que o PSD já esteve com uma boa vantagem nas intenções de voto e a mesma tem caído nos últimos meses, devido ao desnorte demonstrado na apresentação de medidas credíveis para a redução do défice e na revisão da constituição, da qual não tenho uma opinião formada, mas por certo contribuiu para a decrescente popularidade do líder do maior partido de oposição.
Esperemos pelas negociações que eventualmente irão acontecer nos próximos dias, para ver as posições assumidas dos intervenientes. Destas, o país está a depender para que o combate ao défice seja o mais eficaz possível, embora, como podemos constatar, não seja o mais eficiente possível, dado que todas as medidas tomadas (da qual, o corte nos salários do sector público, é a que melhor foi recebida, pelo menos no sector privado) apenas nos "asfixiam" cada vez mais, ficando numa situação de grande vulnerabilidade para os próximos anos que se seguem.



PS. Decidi escrever um artigo dedicado à política, dada a importância do tema e das implicações que poderão advir desta decisão mais política do que económica no nosso futuro.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Depois da austeridade o que virá a seguir?

Depois do anúncio de mais um pacote de medidas de austeridade, deparámo-nos com uma "pequena" descida do juro da dívida pública em todos os prazos. O que há de importante a realçar é o adjectivo "pequena", isto porque as taxas de juros continuam elevadas, acima dos limites razoáveis, continuando o spread face às bunds (diferença dos juros pedidos ao Estado Português e Alemão para financiamento da dívida a 10 anos), superior a 400 pontos base, sendo um valor extremamente elevado.
Ora, posto isto, a pergunta que todos podem imediatamente fazer a seguir é, o que nos reserva o futuro?

Vejamos, os mercados continuam, do meu ponto de vista, legitimamente,  a não acreditar em nós, pois, como é perceptível, o nosso (des)Governo teima em não querer enfrentar os problemas que nos cercam, nomeadamente, o elevado endividamento público ( espera-se que, em 2011, 4,4% do PIB será para pagar juros de dívida pública), mas também privado, a fraca competitividade da nossa economia, o problema crónico do défice da balança comercial (bens e serviços), a burocracia existente em diversos serviços essenciais à captação de IDE, a corrupção em diversos secretariados do estado (embora nunca ninguém o admita), entre tantos outros calcanhares de Aquiles, preferindo, de forma absurda, continuar a defender os investimentos públicos (apesar de concordar com alguns dos mesmos, não é a altura indicada para tal)...
Com isto, a nossa nação é todos os dias referida, seja pelo FMI (ainda hoje veio confirmar aquilo que já todos nós sabiamos, a recessão vai-nos bater novamente à porta no próximo ano), BCE, Dra. Merkel, OCDE, Dr. Durão Barroso, o Nobel Paul Krugman, entre muitos outros economistas de renome, fazendo julgamentos do que temos feito durante os anos passados, para termos chegado à situação onde nos encontramos. Contudo, mais uma vez, nada é feito, estruturalmente, para que as coisas mudem. Sim, porque aumentar impostos não é a solução. Mas só agora se começa a ver o que daí virá, diminuição dos salários nominais, cortes nas prestações sociais e eventualmente nas pensões. Mas, para que tudo isto aconteça, é, foi e será necessária a pressão dos nossos parceiros europeus.

Desta forma, o que poderemos esperar para o ano que se avizinha será mais um aumento de impostos e/ou corte de prestações sociais, pois, como já percebemos os mercados continuam desconfiados em relação às nossas reformas, por muito que o nosso primeiro-ministro diga que não haverá mais aumento de impostos, como disse em 2005 e 2009 (em campanha eleitoral) e já este ano, após o anúncio do "PEC(ado) II".


Pedro Amaro

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A Dívida e a Poupança

Neste meu artigo, vou falar sobre dois conceitos sempre bastantes mediáticos que nos habituámos a ver nas notícias do dia-a-dia, a dívida e a  poupança.

Podia falar de quaisquer outros indicadores, como as exportações, importações, investimento, consumo, impostos, taxas de juro , entre outros... mas decidi falar destes porque os considero de uma importância fulcral na nossa economia, não menosprezando os outros...mas falando destes, podemos abranger todos os outros e vice-versa.

Entretanto, falo de dívida e poupança uma vez que, na minha opinião, a maioria dos portugueses não têm grandes conhecimentos de finanças pessoais, que eu considero fundamentais. Como principal razão para esta minha realista e preocupante visão aponto algumas estatísticas que quase todos nós conhecemos, que revelam que a maioria dos portugueses fazem aplicações em depósitos a prazo ou certificados de aforro, tendo subjacente uma remuneração nominal, muitas vezes aquém da inflação (remuneração real negativa), o que dá a entender a grande iliteracia que domina os pequenos "investidores" portugueses.
Outra estatística importante, refere-se ao grande endividamento que os particulares do nosso país apresentam actualmente, que se revela bastante angustiante e pouco animador em relação ao que nos espera o futuro mais próximo que, como todas as notícias apontam, será bastante complicado para os portugueses, "exogeneizando" todos os outros problemas, que infelizmente são mais que muitos.

Com isto, voltando ao que me levou realmente a escrever este artigo, defino como grande prioridade a formação dos portugueses em questões fundamentais como são as finanças pessoais. Aponto como importante medida a leccionação de vários cursos para o efeito. Infelizmente, em Portugal, não há muitos autores que tenham escrito sobre o assunto, mas revelo pelo menos um grande nome que tem estado em destaque nos últimos anos, Pedro Queiroga Carrilho, é sem dúvida um autor revelação no que toca a economia e finanças, tendo publicado três grandes livros ("O seu primeiro milhão" e "O primeiro milhão para casais" e já este ano "Descubra o milionário que há em si"), como também leccionou vários cursos de finanças pessoais.
Ao nível do ensino secundário, a introdução de um disciplina sobre o tema, seria bastante benéfico, tendo, por certo, grandes resultados a longo prazo.

Estas são as minhas soluções no que toca a este tema tão importante que evitariam alguns do problemas com os quais nos defrontamos actualmente. Pois, a poupança líquida negativa tem um efeito nefasto nas nossas contas que mais uma vez contribuem para o tão falado défice externo. Com mais poupança e mais responsabilização por parte das pessoas em relação aos créditos essenciais a realizar, os bancos não teriam de depender tanto da captação de fundos no exterior. Contudo, é também um papel importante, os bancos arranjarem mecanismos de cativação de fundos entre os particulares, nomeadamente, "tratarem" melhor os seus clientes, com remunerações mais atractivas para as suas aplicações.

Pedro Amaro



domingo, 3 de outubro de 2010

Mais um aumento de impostos

O meu primeiro artigo terá como assunto o novo pacote de austeridade que o Governo português anunciou na passada quinta-feira, dia 29 de Setembro, para atingir o objectivo 4,6% de défice público em 2011.

Com efeito, como já era de esperar, uma vez mais as medidas tomadas, traduzem-se num novo aumento de impostos e na perda de benefícios ficais, colocando a população portuguesa uma vez mais a apertar o cinto. O governo, anunciou um aumento da taxa do IVA para 23%, a criação de um novo imposto sobre o sector financeiro. No que se refere ao corte na despesa, a medida mais expressiva baseia-se na redução salarial do sector público, algo que já deveria ter acontecido há bastante mais tempo, ou seja, em Maio, aquando o lançamento do pacote de austeridade que, em bom rigor, não serviu de nada, uma vez que nos primeiros oito meses do ano, o défice verifiado foi de 9,4%, ou seja, manteve-se praticamente inalterado. Assim foi porque a despesa continua incontrolável e o aumento de receitas apenas serviu para cobrir e o da despesa.
Desta feita, o governo continuava a afirmar que ia conseguir atingir a meta do 7,3 pontos percentuais do défice para 2010, o que realmente irá acontecer, devido ao uma manobra estratégica da transferência do Fundo de Pensões para o Estado, que serviu para acalmar os mercados e encobrir o fracasso das políticas seguidas pelo Governo.

Como conclusão, apenas quero apreciar todas estas políticas que apenas servem para sufocar ainda mais os portugueses, sem resolver o problema de fundo. Os Governos portugueses dos últimos 15 anos, apenas se preocuparam com os problemas de curto prazo ou seja, com a conjuntura da economia, pois é o que mais convém, dado que os problemas estruturais apenas se resolvem através de medidas impopulares, que "custam" votos. Mas, são estas últimas que têm efeitos e poderão resolver os crónicos problemas do país a longo prazo e evitar as crises que nos assolam e asfixiam há décadas. Por isso, este pacote de medidas de austeridade apenas vai resolver os problemas actuais, mas vai provocar problemas ainda mais sérios e graves que teremos forçosamente de resolver e que ninguém parece disposto a fazê-lo.


Pedro Amaro

Apresentação

O meu nome é Pedro Amaro, tenho 20 anos e actualmente frequento o 3º ano de licenciatura de Economia na Faculdade de Economia da Universidade do Porto. Criei este blog com o intuito de discutir, aprender e cultivar o interesse por vários temas tão debatidos na nossa sociedade e, por vezes, de difícil compreensão e aceitaçãopor parte de todos nós, no que concerne à área do meu interesse, a Economia. Com isto, o objectivo será publicar artigos com a minha excluvisa opinião, não tendo por objectivo influenciar ninguém, mas apenas expôr a minha perspectiva em relação aos mais variados assuntos que retratam a sociedade em que vivemos, tanto a nível nacional, como internacional. Todos os seguidores do blog poderão comentar qualquer artigo escrito por mim, dando a sua opinião, pois esse é o desígnio para o qual foi criado, cruzar os diferentes pontos de vista das pessoas.
Como o tempo é um bem escasso, publicarei artigos de acordo com a minha disponibilidade, esperando, contudo, poder fazê-lo duas vezes por semana, assim como responder aos comentários propostos.
Por fim, apelo à participação das pessoas, uma vez que este blog tem como interesse pessoal apenas o de querer discutir os assuntos da actualidade nos quais todos nós queremos ter uma opinião dominante e esclarecedora.

Cumprimentos,

Pedro Amaro
03-10-2010