domingo, 10 de outubro de 2010

O dilema de Passos Coelho

Esta semana foi marcada pelo impasse nas negociações entre PS (mais precisamente o nosso primeiro-ministro José Sócrates e ministro das Finanças, Teixeira dos Santos) e PSD ( mais precisamente o seu presidente, Passos Coelho e quase toda a gente que gosta de opinar no seio de partido) para a votação do OE 2011. As mesmas não têm corrido de feição, olhando para os mercados, falando mais em concreto, nos de dívida pública, pois começam a crescer os receios de o orçamento não ser aprovado, o que poderá ser uma catástrofe para Portugal, uma vez que o consenso daria a "liberdade",  embora já não seja muita, para que fossem tomadas as medidas necessárias (mesmo não sendo as adequadas), para a redução do défice público.

Com isto, a posição do Dr. Pedro Passos Coelho será fundamental pois, o seu parecer será o mesmo de todos os que o acompanham (segundo consta na imprensa, foi imposta a disciplina de voto aos deputados do PSD, ou seja, mesmo os que estejam contra a decisão do partido, serão obrigados a votar de acordo com a decisão tomada pelo mesmo), o que torna bastante complicada a sua decisão. Passando a explicar, neste momento o presidente do PSD tem um grave dilema para resolver, uma vez que prometeu aos portugueses que não seria novamente "cúmplice" de um aumento de impostos, fazendo com que a decisão recaía em chumbar o OE 2011. Contudo, se tal acontecer, significará, para Portugal, a passagem por um período bastante turbulento levando à intervenção do FMI. Quer se queira, quer não, isso significará bastantes dificuldades para os portugueses nos próximos tempos, embora, a médio e longo prazo possa vir a ser uma intervenção meritória e bastante importante para a credibilidade de Portugal.
Contudo, tal intervenção não é certa, tendo já sido dito por um responsável do FMI, que a probabilidade de acontecer é bastante reduzida.
Outra solução passará por uma governação em regime de duodécimos, podendo não ser a melhor solução, mas com a situação em que nos encontramos, será mais favorável do que uma demissão do Governo actual, como já foi admitida pelo nosso primeiro-ministro, que acarretaria consequências graves em termos de credibilidade, que já não é muita, perante os nossos compradores de dívida e não só.

Desta forma, com todas estas possíveis consequências bastante alarmantes, Passos Coelho encontra-se num beco sem saída, no qual vai tentado argumentar que o Estado deve reduzir a despesa, não querendo estar novamente ligado a um aumento de impostos. A verdade é que o PSD já esteve com uma boa vantagem nas intenções de voto e a mesma tem caído nos últimos meses, devido ao desnorte demonstrado na apresentação de medidas credíveis para a redução do défice e na revisão da constituição, da qual não tenho uma opinião formada, mas por certo contribuiu para a decrescente popularidade do líder do maior partido de oposição.
Esperemos pelas negociações que eventualmente irão acontecer nos próximos dias, para ver as posições assumidas dos intervenientes. Destas, o país está a depender para que o combate ao défice seja o mais eficaz possível, embora, como podemos constatar, não seja o mais eficiente possível, dado que todas as medidas tomadas (da qual, o corte nos salários do sector público, é a que melhor foi recebida, pelo menos no sector privado) apenas nos "asfixiam" cada vez mais, ficando numa situação de grande vulnerabilidade para os próximos anos que se seguem.



PS. Decidi escrever um artigo dedicado à política, dada a importância do tema e das implicações que poderão advir desta decisão mais política do que económica no nosso futuro.

2 comentários:

  1. O secretário geral do psd é o dr. Miguel Relveas, o dr. Passod Coelho é presidente do partido.

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  2. Obrigado pela correcção. Já rectifiquei o meu erro.

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