quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Depois da austeridade o que virá a seguir?

Depois do anúncio de mais um pacote de medidas de austeridade, deparámo-nos com uma "pequena" descida do juro da dívida pública em todos os prazos. O que há de importante a realçar é o adjectivo "pequena", isto porque as taxas de juros continuam elevadas, acima dos limites razoáveis, continuando o spread face às bunds (diferença dos juros pedidos ao Estado Português e Alemão para financiamento da dívida a 10 anos), superior a 400 pontos base, sendo um valor extremamente elevado.
Ora, posto isto, a pergunta que todos podem imediatamente fazer a seguir é, o que nos reserva o futuro?

Vejamos, os mercados continuam, do meu ponto de vista, legitimamente,  a não acreditar em nós, pois, como é perceptível, o nosso (des)Governo teima em não querer enfrentar os problemas que nos cercam, nomeadamente, o elevado endividamento público ( espera-se que, em 2011, 4,4% do PIB será para pagar juros de dívida pública), mas também privado, a fraca competitividade da nossa economia, o problema crónico do défice da balança comercial (bens e serviços), a burocracia existente em diversos serviços essenciais à captação de IDE, a corrupção em diversos secretariados do estado (embora nunca ninguém o admita), entre tantos outros calcanhares de Aquiles, preferindo, de forma absurda, continuar a defender os investimentos públicos (apesar de concordar com alguns dos mesmos, não é a altura indicada para tal)...
Com isto, a nossa nação é todos os dias referida, seja pelo FMI (ainda hoje veio confirmar aquilo que já todos nós sabiamos, a recessão vai-nos bater novamente à porta no próximo ano), BCE, Dra. Merkel, OCDE, Dr. Durão Barroso, o Nobel Paul Krugman, entre muitos outros economistas de renome, fazendo julgamentos do que temos feito durante os anos passados, para termos chegado à situação onde nos encontramos. Contudo, mais uma vez, nada é feito, estruturalmente, para que as coisas mudem. Sim, porque aumentar impostos não é a solução. Mas só agora se começa a ver o que daí virá, diminuição dos salários nominais, cortes nas prestações sociais e eventualmente nas pensões. Mas, para que tudo isto aconteça, é, foi e será necessária a pressão dos nossos parceiros europeus.

Desta forma, o que poderemos esperar para o ano que se avizinha será mais um aumento de impostos e/ou corte de prestações sociais, pois, como já percebemos os mercados continuam desconfiados em relação às nossas reformas, por muito que o nosso primeiro-ministro diga que não haverá mais aumento de impostos, como disse em 2005 e 2009 (em campanha eleitoral) e já este ano, após o anúncio do "PEC(ado) II".


Pedro Amaro

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