domingo, 24 de outubro de 2010

O inevitável aconteceu: PS e PSD em negociações

            Neste domingo de chuva, aproveito para escrever mais umas palavras acerca do tema da actualidade, OE2011, o famoso orçamento que pode mudar a vida de todos os portugueses. Por isso nos sentimos todos preocupados com as notícias que nos chegam da AR. A verdade é que muitos desejam o chumbo do documento, enquanto outros desejam o contrário, todos terão os seus motivos, uns mais fundamentados e convincentes que outros.
            Entretanto, na praça pública vão se fazendo os joguinhos políticos dos partidos políticos, atacando aqui e ali, para ver quem ganha no final, ou seja, quem consegue cativar mais “esmolas” (entenda-se votos), para o seu mealheiro. No final, chegaremos sempre ao mesmo estado que há meses atrás ninguém equacionaria, o PS e PSD estão em negociações para a viabilização do orçamento. Quem adivinharia que tal iria acontecer? Apenas os mais distraídos não o previam, pois quando o tempo se aproxima e se vê ameaçada a independência do país, o intitulado “sentido de responsabilidade” vem ao de cima.
            Como resultado final, já todos pensamos saber qual é, o orçamento será aprovado na AR, com a abstenção do PSD (se não fosse o maior partido da oposição, acredito que o CDS faria o mesmo papel).
            Assim será, teremos orçamento, o que se traduzirá numa descida das yields nos mercados de dívida pública. Eventualmente permitirá aos bancos voltarem a financiar-se nos mercados, o que será importante, uma vez que o BCE, mais tarde ou mais cedo, fechará a torneira (basta ver as pressões que já se fazem sentir da parte dos nossos amigos alemães).
            Parece que tudo isto será positivo, mas mais uma vez, a minha perspectiva é minada pela desconfiança que tenho perante o nosso Governo. Efectivamente, assim é, como já constatámos outrora, o nosso primeiro-ministro muito prometeu, mas acaba sempre por se desdizer (o que nos garante que não acontecerá de novo?), com políticas e decisões que apenas nos têm levado à situação insustentável na qual nos encontramos. Efectivamente, a proposta do Orçamento de Estado apresentada é conducente com o que as entidades internacionais pretendem, mas também é verdade que não fazemos mais do que nos pedem e ai se encontra o ponto-chave para que este orçamento seja inconsequente, uma vez que o mesmo apenas se apresenta como solução a curto prazo e não resolva nada a nível estrutural, como já expliquei em artigos anteriores.
            Com isto, não me admira que volvido um ano, estejamos a discutir ainda o mesmo problema ou ainda pior, apenas restando saber se os nossos parceiros estarão cá para nos “dar abrigo” como aos Gregos.

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