domingo, 17 de outubro de 2010

Passar ou Chumbar? Eis a questão!

Na sequência da apresentação do relatório do OE 2011, ficámos a conhecer as directrizes do governo para o próximo ano com a finalidade de reduzir drasticamente a despesa.
Com efeito, trata-se de um orçamento de coragem, uma vez que trará consequências positivas no curto prazo, embora, estruturalmente, não me pareça que resolva o que quer que seja, para maior infelicidade de todos nós, que continuamos a fazer os muitos sacrifícios pedidos inúmeras vezes.
Tendo em conta os números apresentados, conseguimos verificar vários aspectos interessantes, entre eles a redução da despesa total em 3,5% (passando de 48,9% para 45,4% do PIB). Penso que todos deveríamos estar contentes pelo facto de vermos que finalmente a tão aclamada redução da despesa do Estado se efectivará. Mas, nem tudo são mares de rosas e o que vemos é positivo, mas irá afectar gravemente a nossa economia, pois a recessão é um dado adquirido, por muito que o nosso primeiro-ministro diga que não. O certo é que a diminuição no consumo público (uma das componentes do PIB pela óptica da despesa) será de 8,8%, o que se caracteriza como algo inédito no país. Contudo, sou da opinião de que algo tem de ser feito, por muito que seja negativo, terá consequências importantes no futuro, se houver estímulos ao sector privado, mais que compensando esta grande quebra do público.
Assim, pergunto, haverá alguém capaz de superar as dificuldades e conseguir aproveitar o momento de actual de crise económica, financeira, de dívida pública (e política?) para fazer mudanças estruturais no país, apostando essencialmente na inovação e remodelação do seu “modelo económico”?
É certo e verdade que, até ao momento, não é o que se tem visto, apesar de todos os avisos, tantos externos como internos. Contudo, acredito que seja possível alterar o padrão actual. Para que tal aconteça, é necessário reformular as políticas existentes, seguir um rumo, algo que este Governo há muito não tem.

Apesar das críticas incitadas no último artigo que escrevi, reconheço que me precipitei, ao criticar as medidas tomadas, uma vez que não contemplavam a redução da despesa, o que, não é verdade, como podemos observar posteriormente à publicação do relatório do OE 2011, o que se deveu à tardia publicação do mesmo (sem querer entrar em apreciações ao sucedido). Contudo, continuo a defender o chumbo do dito documento e passo a explicar o porquê da minha opinião. Fundamento-me naquilo que acho fulcral, neste momento, ou seja, estabilidade política. Todos acreditam que o chumbo do orçamento trará um período de enorme instabilidade política. Mas, na minha modesta opinião, esse seria o mal menor para nós, uma vez que se tal se observasse e, caso não houvesse a intervenção imediata do FMI (o que já justifiquei ser de acordo, para a salvação da nossa economia, embora com dificuldades imediatas), dever-se-ia formar um governo provisório, seleccionado pelo Presidente da República, de forma a tomar as políticas necessárias à “reforma” estrutural que é necessária no país, uma vez que não me parece que o OE 2011 seja a resposta para os problemas que virão futuramente.
Acredito que a maior parte das pessoas não sejam da mesma opinião que eu e respeito isso, contudo é a minha sincera opinião e eu, mais que tudo, quero ver o nosso País as bocas do mundo, não pelas más, mas pelas boas razões!

PS. Faço um reparo ainda no que toca ao orçamento, é lamentável verificar as despesas incorridas para nos financiarmos no próximo ano, 3,6% do PIB, contra 2,9% este ano.

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